quinta-feira, 19 de julho de 2007

Ricardo Reis

e seu poema inspirado durante o Belô.

EFLUVIOS

Eu faço a minha poesia
Para velar-te em repouso
Para viver-te em silencio
Mesmo lhe sendo matéria
O não-nada do vulcão
Que antecede a erupção.
E mesmo que esta fosse feita
De unhas de dragão, e recendesse
Aos sabores suaves de minas
Ou ao agridoce da Cusine Thai
E se banhasse de eflúvios
Águas de cheiro, de rosas
E se tivesse os pendores
Azulados da morte
O meu poema castiço
Na certa estaria sem prumo
Coubesse-lhe entoar a marselhesa.
De nada sei sobre a sorte
Sobre vidas em arremedo
Não sei em poesia
Ainda menos em prosa
Que relate a noite alta
Feita em espectacular lume.
Fosse na brisa alterosa
Fosse na beira do mar
Fosse o temor, como estrume
Não morreria de medo
Restasse somente um verso
Para falar-te em segredo.

BH julho de 2007

Um comentário:

VELOSO disse...

Caminhei por aqui........