segunda-feira, 23 de julho de 2007

CARTA ABERTA PARA ILMA FONTES*
(ou Relatos do 3o Belô Poético)
Ilma:
Depois de uma puta ressaca poética, pós Belô, estamos aqui para relatar os quatro dias de ansiedade e poesia na capital mineira. Como sempre, tivemos apoio do Sesc, dos Restaurantes La Greppia, dessa vez da Momo Confeitaria e dos próprios poetas, que acreditaram na proposta de transformar Belo Horizonte na Capital Brasileira da Literatura.
Com uns vinte minutos de atraso (afinal, não somos britânicos) deu-se a abertura com apresentadora Graça Faisão convidando os homenageados para subirem ao palco. Este ano foram eles: Greudo Catramby, carioca radicado em Belo Horizonte, idealizador e realizador, na década de 70, da 1a Feira do Livro nesta capital; Tânia Diniz, mineira de Dores do Indaiá, poeta e escritora que há 18 anos publica o “Jornal Mural Mulheres Emergentes”, aproximando poetas de todo o mundo; Artur Gomes, de Campos dos Goytacazes/RJ, poeta que ao longo de sua carreira literária, vem enriquecendo o Brasil culturalmente, ao ministrar oficinas de poesia para crianças, jovens e adultos de norte ao sul do país; Maria Morais, poeta mineira de Brasilândia de Minas, que em sua cidade foi uma das incansáveis articuladoras do Projeto “Porto Poético”, o qual teve significativa contribuição e reconhecimento do Ministro da Cultura Gilberto Gil; além de uma homenagem póstuma ao poeta Nelson Fachinelli, gaúcho de Porto Alegre, idealizador e co-fundador de várias entidades, entre elas, a Casa do Poeta Rio-Grandense. Após as homenagens, o Grupo Cênico Poético “Poesia Simplesmente” fez uma homenagem ao poeta carioca Márcio Carvalho, falecido dia 09 de fevereiro deste ano e que muito vinha incentivando nossa luta desde o começo de tudo; depois ouvimos uma palestra com Rodrigo Marcos de Jesus, membro do NEPPCOM-Núcleo de Estudos e Pesquisa do Pensamento Complexo/FAE-UFMG, sobre “A Ética do Discurso no contexto poético”; outra apresentação do Grupo Cênico-Poético “Poesia Simplesmente”, desta vez com a performance “Evocação ao Recife: Bandeira, a Rosa, a Estrela, a Canção”. Por fim, acompanhados por um gostoso feijão tropeiro e uma cachacinha mineira, fizemos os lançamentos dos livros “Poetas En/Cena” com poetas participantes do Belô Poético; “Navalhas Voadoras para Cortar a Tarde” póstumo de Márcio Carvalho; “Casa do Poeta Rio-Grandense” antologia organizada pela escritora gaúcha Marinês Bonacina, que estava neste momento no Aeroporto de Confins, aguardando sua bagagem que havia se extraviado; “Indigestual” do pernambucano Bruno Candéas, figura pra lá de simpática, que conhecemos ao vivo e a cores; “Exercício do Olhar” do carioca Tanussi Cardoso; e do Cd “Poetas quae sera tamem” dos mineiros Ricardo Evangelista e Sueli Silva, que ficou na saudade, já que a gravadora Sony não entregou a tempo para o lançamento.
Na sexta fomos ao Espaço Criança Esperança, onde Glauter Barros, o Palhaço Picolé de Angra dos Reis/RJ, abriu contando casos para uma criançada carente de novidades. Dalmo Saraiva, que não estava no esquema, deu um banho na sua apresentação. Mavotsirc, Lu e o jovem poeta Tadeu Martins, de Sampa, deram um show de bola poeticamente falando. Por último, houve a interação de Ricardo Evangelista e Sueli Silva. Daí que fomos almoçar no Restaurante Popular, junto ao povão e recitamos poemas para aquelas pessoas tão simples. Foi um barato.
À tarde, a escritora Cecy Barbosa Campos, de Juiz de Fora/MG fez uma explanação enriquecedora sobre a poética de Conceição Evaristo, poeta que está sendo conhecida e estudada no exterior, enquanto no Brasil continua desconhecida. Wilmar Silva e Luiz Edmundo Alves apresentaram “Ais”, performance poética que emocionou quem estava presente para assisti-los. Pena que Jorge Domingos não veio assistir de perto. A seguir, o sociólogo e escritor Newton Emediato Filho falou detalhes desconhecidos por nós, da obra do grande João Guimarães Rosa. Veio então a apresentação de Rosa Helena e Grupo Quiálteras com “Os caminhos de Guimarães Rosa”, encerrando a tarde com uma apresentação do Grupo Cênico-Poético Virus Mundanus, aqui de BH. À noite aconteceu o Sarau Lítero Musical, na sede do Movimento das Donas de Casa de Belo Horizonte, muito bem organizado por Bilá Bernardes e Heleide O. Santos, poetas belorizontinas, com o auxílio de Arlindo Nóbrega, de São Paulo, com presença de vários poetas, além de apresentação dos músicos Rui Montese e Jorge Dissonância, este último daí de Aracaju/SE, seguido de uma performance do Grupo Lesma, daqui de Conselheiro Lafaiete/MG.
Sábado foi um dia de debates. Pela manhã tivemos a Mesa-redonda “A Ética do discurso, a poesia e a sociedade atual”, com o poeta e professor de literatura Caio Junqueira Maciel e o professor, graduado em Letras pelo UNI-BH, baterista e lavador de automóveis Oséias Salomão. Quem mediou a mesa foi Virgilene Araújo. Depois do almoço, o circo pegou fogo na Mesa-redonda “O poeta, sua poesia e a poesia do outro, numa perspectiva da Ética do discurso”, com os poetas Aroldo Pereira, de Montes Claros/MG; Osmir Camilo, de Conselheiro Lafaiete/MG; Artur Gomes, de Campos dos Goytacazes/RJ e Rodrigo Leste, de Belo Horizonte/MG. Na verdade, os componentes da mesa fugiram do assunto, mas chegou-se a um entendimento enriquecedor, apesar de tudo. Sentimos falta de você, Ilma, assim como de Ane Walsh que tanto nos abrilhanta desde o primeiro Belô, com seu talento e seu sorriso. No domingo foi a vez da já tradicional “Teia Poética”. Quem saiu vencedor foi o poeta Marco Anhapoci, um dos editores do jornal “A Parada”, aqui de BH; em segundo ficou Tadeu Martins, um garoto prodígio, filho do poeta Mavotsirc, de Sampa e em terceiro, Ex-Kosta K, poeta do mundo.
Daí fomos a Congonhas curtir os doze profetas esculpidos por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e terminamos o dia com uma feijoada oferecida pelo amigo Zezeca Junqueira, Secretário de Cultura dessa histórica cidade.
Enfim, minha cara, choramos, rimos, cometemos erros e acertos. Mas o maior erro seria não realizarmos o 3o Belô Poético. E este erro jamais cometeríamos.
Ano que vem tem mais. Há braços com carinho,
Rogério Salgado e Virgilene Araújo

*Ilma Fontes é poeta, escritora e roteirista de cinema. Editora do jornal “O Capital” de Aracaju/SE, no qual foi publicada esta carta.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Bruno Candéas ( Recife)

Bruno Candéas, Tanussi Cardoso, Rogério Salgado e Dalmo Saraiva.

Poema da Walnélia


Na capa do galão de água poemas se misturavam.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Ricardo Reis

e seu poema inspirado durante o Belô.

EFLUVIOS

Eu faço a minha poesia
Para velar-te em repouso
Para viver-te em silencio
Mesmo lhe sendo matéria
O não-nada do vulcão
Que antecede a erupção.
E mesmo que esta fosse feita
De unhas de dragão, e recendesse
Aos sabores suaves de minas
Ou ao agridoce da Cusine Thai
E se banhasse de eflúvios
Águas de cheiro, de rosas
E se tivesse os pendores
Azulados da morte
O meu poema castiço
Na certa estaria sem prumo
Coubesse-lhe entoar a marselhesa.
De nada sei sobre a sorte
Sobre vidas em arremedo
Não sei em poesia
Ainda menos em prosa
Que relate a noite alta
Feita em espectacular lume.
Fosse na brisa alterosa
Fosse na beira do mar
Fosse o temor, como estrume
Não morreria de medo
Restasse somente um verso
Para falar-te em segredo.

BH julho de 2007

De Karla Leopoldina

um abraço carinhoso.

"P A R A B É N S !!!
deixo aqui meu abraço de Parabéns ao Rogério Salgado e Virgilene pela organização e sucesso do 3º Belô Poético!Foi uma alegria participar deste evento!
Continuem esta jornada espalhando poesia pela estrada...abraços com as bençãos do meu Espírito Santo!"

Artur Gomes


Quem está ao seu lado é a Marinês? Deve ser por isso que ele ganhou auréola. rs

Um passeio ao bairro Savassi.

Pequena amostra do bairro no encontro com a poetisa mineira Henriqueta Lisboa.

Henriqueta Lisboa foi a primeira mulher-poeta a fazer parte da Academia Brasileira de Letras.
Aqui uma amostra de poema seu:

Assim é o medo

Assim é o medo:
cinza
Verde.
Olhos de lince.
Voz sem timbre
Torvo e morno
Melindre.

Da sombra espreita
à espera de algo

que o alente.
Não age: tenta
porém recua
a qualquer bulha.
(...)

Para continuar a ler, visite o Jornal da Poesia

Belô Poético no Restaurante Popular

Dalmo Saraiva, Elton Bois, Lu, Virgilene, Livia Tucci e Rogério Salgado

Lis Monteiro e Walnélia Pederneiros


Marinês Bonacina( RS) e Walnélia Pederneiras(SC)


O Primeiro depoimento já recebemos.

Linda Walnélia envia depoimento e fotos.
"Adorei o Belô Poético! Conviver com os amigos poetas me possibilitou a oportunidade de perceber que Harmonia também combina com liberdade de expressão...Uns dizendo seus versos eloquentes, outros falando através de gestos, outros monossilábicos, alguns silentes...
Muitas pessoas e muitas fontes de inspiração.
Vários temas com participações variadas...Havia espaço pra tudo e para todos!
Virgilene querida, és especial...a poesia declamada por ti com tanta consciência e por isso com emoção, ainda faz eco no meu coração.
Seguem as fotos nossas em anexo. Adorei!
Quando participei pela primeira vez do Congresso Brasileiro de Poesia de Bento Gonçalves, senti que a Poesia é meu Anjo da Guarda...
Continua assim a poesia em meu viver... me levou para o Belô Poético!
Rogério, o POETAS EN/CENA ja passeou pelas ruas de Florianópolis comigo, possibilitando que eu compartilhe com minha família, amigos e alunos, essa cumplicidade que tenho com a Poesia e meus amigos irmãos poetas.
Agradeço o carinho que retribuo carinhosamente...
Beijos
Walnélia Pederneiras"


Dalmo Saraiva diverte as crianças

No Criança Esperança o palhaço que é poesia.

Poesia combina com Criança Esperança

Pai - Mavotsirc - e filho - Tadeu Martins - combinam na poesia e atraem a atenção das crianças.

Glauter Barros (Anfra dos Reis/RJ)

Glauter contagia e cria siêncio com suas histórias no Criança Esperança.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Virgilene Araújo, Walnéli Pederneiras, Marinês Bonacino e Tânia Diniz

Quatro feras da poesia brasileira:
Virgilene, a idealizadora do evento junto a Rogério Salgado; Walnélia, de Florianópolis, enriqueceu a Primeira Antologia do Belô Poético com seus poemas, Marinês, de Porto Alegre, é presidente da Casa do Poeta Riograndense e Tânia Diniz, poeta e produtora do jornal Mulheres Emergentes que há 18 anos circula com poemas de mulheres por MG, Brasil e já ganhou o mundo.
Não tenho razão em chamá-las "feras"?


terça-feira, 17 de julho de 2007

O Belô Poético foi um Sucesso!!!!

Aos poucos estaremos relatando os momentos mágicos vividos durante o Belô Poético.
Aguarde os próximos escritos... você que participou também pode colaborar. Envie suas impressões por email e as publicaremos aqui.

Belô Poético no Criança Esperança

Ao centro, Rogério Salgado abraça as crianças

Bilá Bernardes(BH) e Arlindo Nóbrega (SP) no Sarau


101 Mônica Montone (RJ) e Heleide (BH) ao fundo, no Sarau


Carlos Gurgel (Natal/RN) no Sarau no MDC- MG-

O HORIZONTE DA POESIA

Participar do "Belô Poético",
é como comungar pétalas de palavras de poesias.
Pétalas de se fazer amigos.
Palavras de se descobrir moinhos.
Poesias de se fazer montanhas.
Por entre saraus e promessas.
Suores e teias. Verdades e relíquias.
Exposichão de dias queridos e
vertidos ao redor de confissões e paixões.
Foi no "Belô", que se irmanou ao meu verso,
o sentimento semelhante do Aroldo Pereira,
a imensa palavra do Artur Gomes,
a fortaleza de vida do Tanussi Cardoso,
do Dalmo Saraiva com suas histórias e trejeitos impagáveis,
do Bruno Candéas, irmão recifense, pois se não fosse ele,
não ficaria sabendo dessa feira que nos une,
que nos leva e lavra letras.
Do Mavotsirc, do seu filho Tadeu (magnífico!),
da sua mulher Lu. Três poetas porretas da periferia paulistana.
Da Bilá Bernardes, amiga terna e cativante.
Da Heleide O. Santos, delicadeza e grandeza.
Do Wilmar Silva, guerreiro, poeta,
que com suas "Terças Poéticas", espalha conquistas e espelhos.
Do grupo "A Parada", mineiro consistente e vencedor.
Da fada Mônica Montone.
Do poeta mineiro Ronaldo Zenha próximo e permanente.
Do Arlindo Nóbrega, desbravador e conquistador
de espaços aliados e preciosos.
Do contador de histórias Glauter Barros.
Do performático poeta Ex Costa K.
Da querida Lígia Diniz.
Da Ana Gusmão tão bela e tão perfecta.
De todos e de todas. Toldos. Abrigos. Castelos.
Residências das nossas letras vivas e salpicadas por luas e sóis.
Batalhas e conquistas.
E do bornal emblemático do seu criador Rogério Salgado.
Moinho e cancela. Soldado. Blindado de forças e pensamentos.
Tenacidade e energia incansável.
Ao lado da sua musa, companheira, Virgilene Araújo,
inquebrantável beleza amiga.
E das suas irmãs, uma dedicada fotógrafa
e a outra pulsante anunciadora de toda a nossa programação.
Que outros "Belôs", tão belos e bonitos aconteçam.
Como uma estrela guia a nos atiçar lenha e clarões.
Nós, poetas, estaremos sempre prontos a ingressar nesse trem bão.
E uma saudade imensa da Virgínia,
que acalentou com o seu sotaque, o rítmo do meu coração,
por entre a cidade que me acolheu.
Carlos Gurgel (RN - Natal)

Obrigada, Gurgel! Que presente lindo!

Grupo A Parada no Sarau


Cecy Barbosa Campos (Juiz de Fora/MG) na Palestra do dia 14

O Belô Poético é a poesia, a música, a cultura, a Poética em Sintonia com a Ética do Discurso. Foram aulas de universitários, de gente do povo, de poetas do Brasil com depoimentos emocinantes de superação e de crença na palavra. Foi a prática da ética e da democracia da palavra, a palavra comunicando desejos, a palavra expressando poesia.

Rui Montese no Sarau


Jorge Dissonância no Sarau do Belô Poético


Thelma Costa (RJ) no Sarau


Lis Monteiro em pose de declamadora


Gertrudes Greco no Sarau mostra seu poema na Antologia